Amizade é aquele tipo de coisa que a gente vai entendendo com o tempo. Quando eu era criança nos anos 90, tudo parecia mais simples — escrever bilhetes pra amigas, assinar camiseta no fim do ano, dormir na casa da melhor amiga, passar horas no telefone falando sobre nada e tudo ao mesmo tempo. Na adolescência, a gente migrava pro shopping, paquerava, combinava de sair com a turma pelo SMS (saudades, né?).
A vida adulta chegou — e a distância também
Mas aí a vida adulta chegou. A rotina apertou, o tempo ficou mais curto, e o scroll infinito no celular deu uma falsa sensação de que estamos acompanhando a vida dos outros. A gente vê uma foto de um jantar ou de uma viagem e pensa: “Ah, tá tudo bem com ela!” Mas será que tá mesmo?
Eu senti isso com força nos últimos anos. Morando longe do Brasil, comecei a valorizar ainda mais o tempo com quem realmente importa. Aquela mensagem de “vamos marcar um café?” deixou de ser só um gesto educado — virou um ato de conexão real. Porque amizade precisa de presença, de troca, de intenção. A gente não constrói laços duradouros só com reações nos stories ou curtidas em posts bonitos.
Baixa manutenção ou sem manutenção nenhuma?
E foi exatamente sobre isso que falei no meu vídeo de art journaling sobre amizades de baixa manutenção. Todo mundo comenta sobre aquela amizade em que você não precisa falar todo dia, mas quando se encontram, tudo continua igual. Sim, isso é maravilhoso — mas tem uma diferença entre amizade de baixa manutenção e amizade sem manutenção nenhuma. Pra qualquer relação existir, precisa ter troca.
Se a pessoa só lembra de você quando precisa, se nunca manda nem um “oi”, se some e reaparece só quando é conveniente… isso não é amizade, né? No máximo, um contato esporádico. Amizade verdadeira não é sobre falar todo dia, mas também não é sobre esquecer que o outro existe. Manter vínculos exige intenção, ainda que seja um simples “tô com saudade”.
Amizade também é saúde emocional
O Dr. Drauzio Varella já falou sobre isso: amizade não é só uma questão emocional, é uma questão de saúde. Estudos mostram que a solidão pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, acelerar o declínio cognitivo e até afetar o sono. Parece exagero, mas faz sentido, né? Quando a gente tem com quem contar, o peso do mundo fica mais leve.
E eu sei que não é fácil manter amizades na vida adulta. Dá trabalho. Às vezes a gente precisa ser intencional, mandar mensagem mesmo sem ter motivo, marcar aquele café, insistir um pouquinho. Um post do Instagram que li recentemente dizia que o segredo pra amizades duradouras está no calendário — e faz sentido demais! A gente agenda reunião de trabalho, marca dentista, coloca lembrete pra pagar conta… então por que não marcar tempo pras amigas também?
Constância e intenção: os segredos das amizades verdadeiras
Um texto do The New York Times trouxe um exemplo lindo sobre isso: um grupo de amigos que se encontra todo domingo, religiosamente. Não importa o que aconteça, eles estão lá, no mesmo lugar, com as mesmas panquecas. E isso fez com que a amizade deles crescesse de um jeito que só a constância permite.
Eu sei que a vida é corrida, que às vezes o cansaço bate, que é mais fácil ficar em casa maratonando série do que sair pra um café. Mas sabe o que eu tenho aprendido? Que amizade é como planta — se a gente não rega, ela seca.
Então, se você sente que sempre precisa puxar a conversa, talvez seja hora de se perguntar: essa amizade ainda faz sentido?
Manda mensagem pra aquela amiga que você não fala há tempos. Marca um café, um almoço, um happy hour (nem que seja virtual) — ou só manda um “senti sua falta”. Porque amizade verdadeira não é sobre a frequência com que você fala com alguém, mas sobre a intenção de estar presente quando importa. E, às vezes, tudo que a gente precisa é lembrar que vale a pena tentar.
👉 Se você quiser ouvir mais sobre esse tema, dá uma olhada no meu vídeo de art journaling sobre amizades de baixa manutenção. Falei sobre essa diferença entre manter e esquecer — tá lindo demais!
Pequenos registros de um sábado em Idaho
Aqui um pequeno registro de uma manhã de sábado aqui em Idaho. Nas fotos estão: Lucas (meu marido) e minhas amigas Leonie e Yana. Leonie é alemã e Yana é da Bielorrússia.





Elas aceitaram o convite e fomos nos aventurar esquiando — mesmo com a barreira da língua (afinal, cheguei aqui sem falar inglês), conseguimos criar uma conexão verdadeira. Elas não falam português, mas gostam da nossa língua e sempre têm curiosidade em aprender um pouquinho mais — enquanto eu aprendo inglês com elas também. Mesmo com as diferenças culturais e o desafio do idioma, elas sempre dão um jeito de estar por perto, me chamando para cafés e aceitando meus convites para jantares em casa. A gente se mostra disposta a se conhecer um pouquinho mais a cada encontro, e isso é o que realmente fortalece uma amizade.
Para Leonie e Yana, meus sinceros agradecimentos por se mostrarem amigas tão queridas e dispostas. Vocês me ensinam todos os dias que amizade não tem fronteiras e que, quando existe interesse genuíno em se conectar, a língua nunca é um obstáculo — é só mais uma forma de aprender e crescer juntas. ❤️
Amei a referência do Dr. Drauzio e do NY Times! E também concordo muito que a interação nas redes sociais gera essa falsa sensação de que estamos atualizados sobre como anda a vida da outra pessoa…uma ilusão.
p.s. e que saudades da época em que migrávamos pro Shopping rsrs
fico feliz que tenha curtido as referências! 😄 e é bem isso, né? a gente vê um post ou um story e acha que tá por dentro da vida da pessoa, mas, no fundo, tem tanta coisa que fica de fora… é meio doido pensar nisso.
p.s. hahaha, bons tempos! nada substituía aquelas conversas intermináveis na praça de alimentação. 😂