Mudar de país é como ser transportado para outro planeta. As ruas são familiares, mas os sons, os costumes e até mesmo os gestos das pessoas são diferentes. Essa sensação de deslocamento and descoberta é algo que todo imigrante sente em algum momento. Recentemente, relendo Yargo, de Jacqueline Susann, me peguei refletindo sobre isso. Li esse livro pela primeira vez na adolescência, e agora, mais de 20 anos depois, a história me tocou de um jeito completamente novo.
Em Yargo, a protagonista, Janet, é levada para um planeta desconhecido, onde precisa se adaptar a uma realidade completamente diferente. Ela se sente perdida, saudosa do que conhecia, mas também intrigada pelo novo. E, no fundo, não é bem assim quando deixamos nosso país?
O desafio do pertencimento em outro país
Viver fora significa reaprender o básico. Até pedir um café pode virar um mini-desafio. Você abre a boca para falar e sente que tem um grande letreiro piscando na sua testa: “estrangeiro”. No livro, Janet é observada como um enigma pelos habitantes de Yargo — e quantas vezes a gente não sente esse mesmo olhar curioso, tentando decifrar quem somos e de onde viemos?
Mas com o tempo, ela começa a se conectar. Aos poucos, descobre que há pontes invisíveis entre as diferenças. Isso me fez pensar: quantas vezes nos fechamos por medo de errar? De não sermos compreendidos?
Faz parte da adaptação entender que, no início, tudo pode parecer desafiador. Mas o desconforto inicial não significa que nunca encontraremos nosso espaço. Pequenos gestos, como cumprimentar um vizinho ou puxar conversa com um colega de trabalho, fazem a diferença
Construindo conexões em terras desconhecidas
No livro, Janet percebe que, apesar das diferenças, há algo profundamente humano em todos ao seu redor. E essa é a chave pra quem mora fora: podemos nos sentir deslocados no início, mas se estivermos dispostos a nos conectar, encontramos afinidades nos lugares mais inesperados.
Fazer amigos em outro país exige disposição. Requer sair da zona de conforto, aceitar que, às vezes, vamos falar errado ou não entender tudo. Eu mesma já me vi ensaiando frases mentalmente antes de puxar assunto, com medo de parecer estranha. Mas se tem algo que aprendi é que as conexões mais reais acontecem justamente quando largamos a necessidade de perfeição e apenas tentamos.
E se estivermos dispostos a enxergar o novo como uma oportunidade?
Assim como Janet em Yargo, a gente pode ver o desconhecido como um obstáculo ou como um convite pra crescer.
Quantas vezes evitamos interações por medo de errar? Quantas vezes evitamos um evento ou uma conversa porque nos sentimos fora do lugar? Mas e se, em vez disso, enxergássemos cada encontro, cada tropeço na língua, como parte do processo?
O pertencimento em outro país não acontece de um dia para o outro, mas aos poucos, nos pequenos momentos do dia a dia. Um café compartilhado, um sorriso trocado, uma conversa inesperada – são essas interações que tornam um lugar mais familiar, mais nosso. No fim das contas, a casa não é um endereço fixo — é feita das pessoas que encontramos ao longo do caminho.
E você? Já viveu uma experiência parecida ao se mudar para outro lugar? Como foi o seu processo de adaptação? Me conta nos comentários — vou adorar saber sua história! ✨

Yargo – O Paraíso Imperfeito é um romance de ficção científica escrito na década de 1950 por Jacqueline Susann, autora conhecida pelo best-seller The Vale das Bonecas. Publicado postumamente em 1979, o livro apresenta uma abordagem inusitada do gênero, misturando romance, reflexões sobre a humanidade e a sensação de deslocamento em um ambiente completamente novo. A protagonista, Janet Cooper, é sequestrada por alienígenas e levada para o planeta Yargo, onde precisa encontrar seu lugar em meio a uma civilização desconhecida. Com uma narrativa envolvente e cheia de dilemas emocionais, Yargo explora questões universais sobre pertencimento, amor e identidade.